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Posts Tagged ‘Médicos’

Artigo – Dr. Antonio Carlos Lopes

Médicos formados fora do Brasil não podem ter privilégios

A imprensa vem divulgando com frequência a possibilidade de autoridades abrirem uma lacuna legal para a revalidação automática de diplomas de médicos brasileiros formados no exterior. É fato que até agora ninguém veio a público sustentar essa hipótese. Entretanto, como onde há fumaça, costuma haver fogo, considero importante fazer uma reflexão sobre o tema e convidá-lo a participar também dessa polêmica.

Há alguns anos a Sociedade Brasileira de Clínica Médica vem denunciando a precariedade do ensino médico. Mesmo assim, dia após dia ocorre autorização  desenfreada de abertura de novos cursos sem condições adequadas de funcionamento. Outras entidades, como a Associação Médica Brasileira, a Federação Nacional dos Médicos, o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais de Medicina, também vêm se posicionando para mostrar que o médico mal formado representa risco à comunidade.

Os protestos têm fundamento. Em 2011, avaliação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo com estudantes do sexto ano atestou que quase 50% deles não sabe interpretar radiografia ou fazer diagnóstico após receber informações dos pacientes. Cerca de metade administraria tratamento impreciso para infecção na garganta, meningite e sífilis.  O baixo percentual de acertos em campos essenciais da Medicina, como Saúde Pública (49% de acertos), Obstetrícia (54,1%), Clínica Médica (56,5%) e Pediatria (59,3%) é alarmante. Aliás, os índices de reprovação desde que a avaliação foi criada, em 2007, confirmam que muitos novos médicos não estão preparados para exercer a profissão, representando risco à saúde e à vida dos cidadãos.

Daí, um raciocínio lógico: para ir contra a formação médica deficiente no Brasil, é mister não se calar diante de acenos de facilidades à revalidação de diplomas obtidos em escolas do exterior, cuja qualidade é questionável e os currículos quase sempre incompatíveis com os do nosso país.

Compreendemos que tanto brasileiros quanto estrangeiros formados no exterior precisam passar por exame de revalidação do diploma para exercer a medicina no Brasil. Lamentavelmente faz anos que essa proposta ocupa a pauta política, em particular, no caso de médicos graduados pela ELAM – Escola Latinoamericana de Medicina, Cuba.

Mais uma vez destacamos que somos contrários à revalidação automática de diplomas de todos os médicos formados no exterior, sejam originários de Cuba, dos Estados Unidos, da Inglaterra, ou de quaisquer outros países. Isso vale igualmente para os brasileiros.

Com o intuito de preservar os cidadãos brasileiros de riscos importantes à saúde e à vida, exigimos que o processo de validação dos diplomas tenha critérios transparentes e embasamento científico. Hoje, o sistema denominado “Revalida” atende a tais premissas. Portanto, tem de ser defendido e permanentemente aperfeiçoado por comissão formada especialmente para esse fim, com a participação efetiva da academia, das entidades médicas e de outros segmentos da sociedade.

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

 

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Médico plantonista e hospitais beneficentes

Por Marcos Biasioli (*)

Muito se discute sobre a relação existente entre os médicos plantonistas e hospitais beneficentes, no sentido de ratificá-la como de trabalho ou de emprego. Contudo, antes de tecer opiniões a respeito, é imprescindível avaliar todas as nuances que envolvem esta relação.

De acordo com o artigo 3º da CLT, “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

Portanto, são quatro os requisitos essenciais para a caracterização do vínculo empregatício: a onerosidade, a pessoalidade, a habitualidade e, principalmente, a subordinação jurídica, assim considerada a possibilidade do hospital dirigir de modo direto e permanente a energia pessoal do médico, no sentido de realizar seus objetivos.

Processualmente, tais requisitos classificam-se como constitutivos do direito do médico, devendo ser, por conseguinte, comprovados por aquele que pretende ver seu vínculo empregatício constituído, em atenção ao disposto no artigo 818 da CLT e inciso I do artigo 333, do Código de Processo Civil.

O primeiro ponto a apreciar, neste diapasão, é a comprovação da existência de “pessoalidade”, a qual apenas será reconhecida se a “obrigação” não for algo fungível, que possa ser satisfeita por outrem, mas tão somente com quem a contraiu.

Em outras palavras, havendo prova de que o médico poderia ser substituído por outra pessoa, fica de difícil caracterização o vínculo de emprego, pela ausência deste requisito, a pessoalidade.

Cabe ainda ressaltar que, para a caracterização da relação de emprego, é de extrema importância demonstrar a subordinação, a qual consiste na situação jurídica derivada pela qual o médico deve acolher o poder de direção do hospital no modo de realização de sua obrigação de fazer.

O médico autônomo, diferentemente do médico empregado, não está sujeito ao poder de direção do hospital, podendo exercer livremente sua atividade no momento que o desejar, de acordo com sua conveniência. Por esta razão, se o médico tinha autonomia, por exemplo, para remanejar sua escala horária, está evidenciado um dos aspectos da ausência de subordinação.

Além disso, avalia-se também a questão da onerosidade que, embora havida no período de prestação de serviço, não pode se configurar como salário. Se a remuneração refere-se tão somente ao pagamento pelos plantões efetivamente prestados, fato constatado pela variação dos pagamentos em decorrência de plantões realizados, vê-se que inexiste fixação de salário, o que, por consequência, descarta o animus contrahendi.

Por último, e não menos importante, vem a questão da não eventualidade. Para sua caracterização, os serviços prestados deveriam ser permanentes, não se qualificando como trabalho esporádico, no qual há liberalidade com relação à determinação do dia mais conveniente para prestá-lo.

Como conclusão, denota-se que se os médicos se valem das trocas e substituições nos plantões, associado ao fato de perceberem apenas pelos plantões cumpridos, bem como por não haver punição no caso de falta aos plantões, não havendo qualquer ingerência do hospital neste sentido, subsistirá convencimento de que o que se estabeleceu é sim uma típica relação de trabalho com o médico, mas jamais de emprego.

(*) Dr. Marcos Biasioli é graduado em Direito e Administração de Empresas, pós-graduado em Direito Empresarial pela The European University e mestre em Direito Empresarial pela PUC/SP. Foi docente na cadeira de legislação social da PUC/SP, UniFMU/SP, UniRadial/SP, Universidade Federal do Espírito Santo e Faculdade Una/MG. É ainda sócio da M.Biasioli Advogados, consultor jurídico do Terceiro Setor e da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB/SP, e idealizador e editor da Revista Filantropia.

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Defesa Profissional é tema de Fórum de angiologistas e cirurgiões vasculares

Profissionais da classe médica se reúnem para reflexão sobre um conjunto de ações e atitudes que visam o pleno exercício da profissão

Acontece no próximo dia 27 de maio de 2010, o XVIII Fórum Nacional da SBACV, edição São Paulo, com o tema “Defesa Profissional”, no Teatro da Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo, às 20 horas – sob a coordenação do presidente da SBACV-SP – Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular / Regional São Paulo, Calógero Presti e dos seus diretores de Defesa Profissional, Rubem Rino e Salomão Goldman.

Na ocasião, o presidente da AMB – Associação Médica Brasileira, Dr. José Luis Gomes do Amaral, discorrerá, às 20h00, sobre a atuação da AMB – Associação Médica Brasileira junto a outros órgãos de classe, ao Governo, à iniciativa privada e o estabelecimento de uma política conjunta de defesa profissional. Em seguida, às 20h30, o presidente da APM – Associação Paulista de Medicina, Dr. Jorge Carlos Machado Curi se pronunciará sobre o rol da ANS – Agência Nacional de Saúde, TISS – Troca Informações em Saúde Suplementar, CBHPM – Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos na saúde suplementar, TUSS – Terminologia Unificada da Saúde Suplementar e os honorários profissionais, entre outros.

A realização dos fóruns nacionais é um projeto da SBACV – Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e suas regionais no País com objetivo de informar e provocar a colocação de dúvidas e dificuldades, em busca de consenso e soluções. A primeira edição aconteceu em Minas Gerais, contando com a participação do presidente da SBACV, Dr. Guilherme Pitta. Esse primeiro fórum mostrou com clareza a situação de desinformação em que se encontra em relação ao conhecimento e reivindicação dos direitos médicos.

A edição de Minas Gerais abordou ainda mais as buscas pela defesa profissional, mostrando com clareza e sem subterfúgios o que ocorre no momento com a especialidade, além do sucesso de negociações de médicos diretores de hospitais, com as OPS – Operadoras de Plano de Saúde, melhorando prazos de pagamentos e aumentando o respeito pela classe.

O Fórum Nacional é uma iniciativa da SBACV Nacional sob a coordenação de sua idealizadora, a angiologista Solange Seguro Meyge Evangelista que, junto aos presidentes das regionais realiza os mesmos. Na organização e formulação do dos fóruns, está o Departamento de Defesa Profissional, composto pelos colegas Edno Lopes Caldeira e Dino Colli, e por Paulo Borem da Comissão de Defesa profissional da SBACV.

Serviço: Fórum de Defesa Profissional – Edição São Paulo

Data: 27 de maio de 2010

Horário: às 20 horas

Local: Teatro da Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo

Av. Dr. Arnaldo, 455 – Consolação – São Paulo (em frente a Estação Clínicas do Metrô)

Informações: www.sbacvsp.org.br

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V campeonato brasileiro de futebol de equipes médicas

Competição tem apoio oficial da Associação Médica Brasileira. Será disputada simultaneamente ao III Sul-americano de Futebol para Equipes Médicas, em Brotas, interior de São Paulo, de 2 a 7 de setembro de 2010

Em ano de Copa do Mundo, os profissionais de medicina do Brasil e da América do Sul também vão operar jogadas desconcertantes, além de prestar assistências de mestre e mostrar que tem conhecimento de excelência no mundo da bola. De 2 a 7 de setembro, eles serão as grandes estrelas do V Campeonato Brasileiro e do III Sul-Americano de Futebol de Equipes Médicas, a se realizar em Brotas, interior de São Paulo.

Já consagradas no campo da medicina, as competições visam a estimular a prática esportiva competitiva de forma saudável, além promover o relacionamento entre médicos, afirma o anestesiologista Euclides Gabilheri Júnior, diretor da Doutores da Bola, empresa organizadora.

Simultaneamente aos jogos, haverá eventos sociais e prestação de serviços à comunidade. Todos os médicos estarão engajados em campanha para conscientizar e estimular os cidadãos a doar sangue e órgãos. Aliás, a grande final terá acesso franqueado ao público mediante a doação de um quilo de alimento não perecível, produtos que serão repassados a instituições de saúde do terceiro setor.

As inscrições para o V Campeonato Brasileiro e III Sul-americano de Futebol de Equipes Médicas já estão abertas. O telefone para informações adicionais é (11) 9688.9268 e o e-mail doutoresdabola@gmail.com.

Breve histórico

Criado há seis anos o Campeonato Brasileiro de Futebol para Equipes Médicas conta com a participação de equipes de vários estados brasileiros. As competições são bem disputadas, e, a despeito da rivalidade, o espírito predominante é o da confraternização.

O Campeonato cresceu, tornou-se conhecido e reconhecido por médicos do país e da América do Sul.

Os vencedores

Ano    Local                                        Equipe Campeã

2005   São José do Rio Preto-SP                    Real Médicos-RJ

2006   São José do Rio Preto-SP                    Real Médicos-RJ

2008   Bonito-MS                                 Real Médicos-RJ

2009   Porto Seguro-BA                        Soc. Medicina de Uberaba-MG

Informações e inscrições

Telefone (11) 9688.9268

E-mail doutoresdabola@gmail.com

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Mais coerência e menos descaso com a saúde

A imprensa tem retratado exemplarmente o desconsideração do governo com a saúde. Dias atrás, o presidente Lula culpou os médicos pelo caos no setor, afirmando serem profissionais que não se dispõem a trabalhar em localidades distantes. Foi rebatido à altura pela Associação Médica Brasileira e por muitas outras entidades médicas, pois o que falta é política consistente para atrair profissionais, com oportunidade de reciclagem científica, além de adequadas condições de atendimento, salário digno e uma carreira de progressão funcional.

Ainda recentemente, os jornais mais uma vez explicitaram o desrespeito à saúde no Brasil, mostrando como os Estados Unidos usam a democracia para redesenhar seu modelo de assistência, enquanto aqui, a despeito de ter uma proposta avançada de universalização, o Sistema Único de Saúde – SUS, emperra no autoritarismo e na falta de debate. Esbarra também na falta de definição de um orçamento coerente, já que, hoje, vivemos uma fantasia, uma hipocrisia orçamentária.

O grande mal da saúde brasileira é a falta de transparência e de compromisso de parte dos gestores e autoridades. Claro, há exceções. Porém, de forma geral, o setor não é visto nem tratado com a prioridade que merece, a não ser em intenções e propostas genéricas particularmente em períodos eleitorais. São necessárias atitudes concretas, como agora nos EUA e ao longo dos anos em países desenvolvidos. Atualmente, até diversas nações em desenvolvimento investem bem mais na saúde do que no Brasil.

O irrisório orçamento federal compromete qualquer gestão, e a tratativa de recursos humanos é deprimente. Inevitavelmente a saúde suplementar também patina. Prova são os honorários vis pagos por planos de saúde a médicos e outros prestadores de serviço. Sem falar na intermediação ineficaz da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Não aceitamos que maus empresários façam da saúde apenas uma fonte de lucro, em detrimento da assistência adequada. Mas principalmente não podemos admitir isso na saúde pública. Não admitimos ainda o desrespeito aos cidadãos e a exploração do trabalho dos profissionais da medicina.

Toda a comunidade de saúde e suas representações, como a Associação Paulista de Medicina, devem buscar apoio na população para encaminhar positivamente questões relevantes. Temos de sensibilizar os parlamentares a apoiar as reivindicações em prol de condições adequadas para o exercício profissional da medicina e por melhor assistência aos cidadãos.

Hoje, a coesão dos agentes do setor é fundamental, para criar uma grande mobilização. Precisamos urgentemente que o Congresso aprove matérias de interesse público, como a carreira de Estado para os profissionais de medicina e a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que viabilizará investimentos mais robustos para a saúde, especialmente por parte do governo federal.

Enfim, as frentes de embate são claras. É hora de mudar. Os brasileiros precisam e exigem uma postura séria para ter acesso ao direito constitucional a assistência digna, plena, sob pena de continuarmos a ver a saúde judicializada. Esperamos que na campanha eleitoral venham propostas concretas por parte dos candidatos ao Legislativo e Executivo, além de debates menos ideológicos e mais resolutivos para a saúde da população.

Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina

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CFM divulga dados sobre a concentração de médicos no Brasil

  • Levantamento revela que a média nacional é de um médico para 578 habitantes.
  • A concentração em determinadas regiões desenvolvidas, no litoral e nas capitais é alta, em detrimento de vazios assistenciais nos municípios mais distantes e pobres.
  • O total de médicos cresce mais que o tamanho da população, em termos percentuais.
  • Na cidade de São Paulo, há um profissional para 239 habitantes (média superior à de países europeus).
  • No interior de Roraima, há um para 10.306 habitantes (média inferior à de nações africanas)
  • No período avaliado, se confirma a tendência de feminilização da Medicina, ou seja, o número total de mulheres que se gradua em Medicina já supera o de homens.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou dados sobre a concentração de médicos no território nacional. O levantamento mostra que o número de profissionais aptos a atuar cresce em ritmo mais acelerado do que o da população – mas a distribuição está longe de ser uniforme. O anúncio marcou a comemoração do Dia Mundial da Saúde.

O levantamento, inédito, aponta que o déficit de médicos no interior não significa a falta de profissionais no país. Dados coletados entre 2000 e 2009 apontam uma média nacional de um médico para grupo de 578 habitantes, índice próximo a países como dos Estados Unidos, que é de um para 411 pessoas.

O 1º secretário do CFM e responsável pela coleta das informações, Desiré Carlos Callegari, defende melhores políticas públicas para a interiorização do profissional. “Não adianta utilizar o mecanismo de revalidação automática do diploma para interiorizar o médico. Nada garante que este profissional não irá recorrer às capitais para se especializar”, aponta Desiré. O diretor também avalia como desnecessária a abertura indiscriminada das escolas médicas. O Brasil possui hoje 181 escolas médicas, sendo que, dessas, 100 foram instaladas na última década. “Observamos que a qualidade do ensino tem caído neste período”.

Aumento de profissionais

Entre 2000 e 2009, a quantidade de médicos aumentou 27% – de 260.216 para 330.825 (evolução histórica na Tabela 6). No mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu aproximadamente 12% – de 171.279.882 para 191.480.630, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, havia no país um médico para cada grupo de 658 habitantes; em 2009, a situação passou a ser de um médico para 578 habitantes.

O número de médicos não é o único indicador da adequação da oferta desses profissionais – para se fazer esse tipo de avaliação é preciso que se considerem variações regionais, sociais e econômicas. Mas o número é um indicador importante. Entre os países que possuem elevados índices de desenvolvimento humano (IDH), há menos habitantes por médico. A tendência é de que o IDH seja mais baixo nos países onde há mais habitantes por médico.

O levantamento do Conselho Federal de Medicina foi feito com base no endereço de correspondência informado pelos profissionais nos Conselhos Regionais de Medicina do país.

Entre as regiões, Norte e Nordeste têm menor concentração de médicos

A distribuição de médicos por habitantes é heterogênea no território nacional. Na região Norte, há um  médico para cada grupo de 1.130 habitantes (Tabela 1). São 13.582 profissionais aptos a atuar, registrados primariamente em conselhos de medicina da região. Já na região Sul, são 509 habitantes por médico.

A região Sudeste concentra 42% da população do país e 55% dos médicos. São 439 habitantes por profissional. No Centro-Oeste, há um médico para cada grupo de 590 habitantes. No Nordeste, um para cada grupo de 894. Em São Paulo estão concentrados 30% dos médicos; o estado abriga 21% da população brasileira.

Se consideradas as inscrições primárias e secundárias efetuadas em conselhos de medicina da região Norte, por exemplo, o número de habitantes por médico passa a ser de 1.000; na região Sul, também consideradas ambos os grupos de inscrição, são 476 habitantes por médico. A inscrição primária é o primeiro registro feito pelo médico em um conselho regional, a secundária é o registro que o médico faz em outros conselhos (diferentes que o daquele de origem) permitindo sua atuação profissional naquela unidade da federação.

Para Desiré Callegari, o médico não precisa “ganhar muito, precisa ser valorizado e ter condições de trabalho”. Para isso, defende como política de interiorização eficaz a criação de uma carreira de Estado para os profissionais e a implantação de planos de cargos, carreiras e vencimentos.

O CFM também considera fundamental que a estrutura e os recursos tecnológicos da saúde sejam aperfeiçoados, principalmente no interior dos estados. “Não dá para fazer medicina sem investimento. O médico precisa ao menos de uma estrutura básica para atender adequadamente a população”, ressaltou Desiré.

Em algumas localidades, índices são europeus

A capital do estado de São Paulo possui um médico para cada grupo de 239 habitantes, média superior à de países que possuem altos índices de desenvolvido humano (Tabela 1). Alemanha, Bélgica e Suíça, por exemplo, possuem um médico em atividade para cada grupo de 285, 248 e 259 habitantes, respectivamente (Tabela 2).

Se considerada a densidade de médicos em todo o estado de São Paulo, a média é próxima da dos Estados Unidos: 413 habitantes por profissional em São Paulo; 411 por um nos Estados Unidos. No Distrito Federal, há um médico para 297 habitantes, melhor média entre as unidades da federação.

Em outras localidades, índices são africanos: no interior do Amazonas há um médico para cada grupo de 8.944 habitantes; em Roraima, um para 10.306

O acesso a profissionais da medicina é ainda mais desigual quando comparados os números de capitais e regiões do interior (Tabela 3). De acordo com dados extraídos do Sistema Integrado de Entidades Médicas em março de 2010, há no estado do Acre 575 médicos aptos a atuar – 74% (427) deles residem na capital, Rio Branco, cidade que conta com um médico para cada grupo de 716 habitantes; os outros 21 municípios do estado dividem entre si 119 médicos, o que resulta na média de um médico para 3.236 habitantes (Tabela 4).

Há casos de desigualdade ainda mais acentuada. No Amazonas, 88% (3.024) dos profissionais estão em Manaus, cidade que tem um médico para 574 habitantes. Os municípios do interior ficam com um médico para cada grupo de 8.944 habitantes. Em Roraima, são 10.306 habitantes por médico em cidades do interior. Há apenas 15 profissionais domiciliados fora da capital.

Na região Sudeste, a mais desenvolvida do país, a distribuição de médicos entre capitais e interiores é menos aguda. Em Minas Gerais, por exemplo, a média é de um médico para 587 habitantes; em Belo Horizonte, são 172 habitantes por médico; no interior, um para 926.

O estado de São Paulo registra um médico para 413 habitantes; a capital, um profissional para 239 pessoas; os municípios do interior do estado contam com um médico para cada grupo de 640 habitantes.

Número de mulheres é maior entre os novos profissionais

De 2000 a 2009, a proporção de profissionais do sexo feminino no universo de médicos registrados no Brasil subiu 4 pontos percentuais – de 35,5% para 39%, o que indica uma tendência de feminilização da profissão. Essa tendência fica mais evidente quando se comparam os ritmos de crescimento no universo de cada gênero: o número de médicas aumentou 39,8% no período; o de médicos, 20,1% (Tabelas 5 e 7).

CFM avalia que não faltam médicos no Brasil

A posição do Conselho Federal de Medicina diante das informações reveladas pelo levantamento é de que não há escassez de médicos no país. O que há, sim, é uma má distribuição dos profissionais pelo território nacional.

Para contornar essa situação, o CFM defende a adoção de eficazes políticas de interiorização do trabalho médico. A criação de uma carreira de Estado para os profissionais e a implantação de planos de cargos, carreiras e vencimentos são medidas defendidas pelo Conselho.

Além disso, o CFM considera fundamental que os sistemas de assistência à saúde sejam aperfeiçoados, principalmente no interior dos estados.

Tabela 1 – número de habitantes por médico, por unidades da federação e regiões, 2009

Unidade da

federação / região

População¹ Nº. de médicos (inscrição primária) Nº. de médicos

(inscrição secundária)

Nº. de habitantes por médico (apenas inscrições primárias)

Nº. de habitantes por médico (inscrições primárias e secundárias)

DF 2.606.885 8.762 1.135 297 263
GO 5.926.300 8.085 1.645 732 609
MS 2.360.498 3.458 380 682 615
MT 3.001.692 3.223 496 931 807
CENTRO-OESTE 13.895.375 23.528 3.656 590 511
SP 41.384.039 100.612 3.809 411 396
RJ 16.010.429 42.547 794 376 369
MG 20.033.665 34.324 2.570 583 543
ES 3.487.199 6.487 580 537 493
SUDESTE 80.915.332 183.970 7.753 439 422
SC 6.118.743 9.981 1.570 613 529
RS 10.914.128 24.601 625 443 432
PR 10.686.247 19.848 1.538 538 499
SUL 27.719.118 54.430 3.733 509 476
PE 8.810.256 11.678 786 754 706
RN 3.137.541 3.670 461 854 759
PB 3.769.977 4.255 516 886 790
CE 8.547.809 8.598 408 994 949
PI 3.145.325 2.710 188 1.160 1.085
SE 2.019.679 2.532 213 797 735
AL 3.156.108 3.525 212 895 844
BA 14.637.364 15.052 1.005 972 911
MA 6.367.138 3.295 798 1.932 1.555
NORDESTE 53.591.197 55.315 4.987 968 888
AM 3.393.369 3.571 244 950 889
RR 421.499 526 84 801 690
TO 1.292.051 1.301 448 933 738
AP 626.609 456 166 1.374 1.007
RO 1.503.928 1.427 241 1.053 901
AC 691.132 618 92 1.118 973
PA 7.431.020 5.683 489 1.307 1.203
NORTE 15.359.608 13.582 1.764 1.130 1.000

¹ Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, referentes a 2009.

² Dados do Conselho Federal de Medicina, referentes a 2009.

² Consideradas as inscrições primárias.

Tabela 2 – número de habitantes por médico, em países selecionados

Países

Número de habitantes por médico²

Desenvolvimento humano²

Alemanha¹ 285 Muito elevado ou

elevado

Suíça¹ 259
Bélgica¹ 248
Estados Unidos¹ 411
França¹ 296
México¹ 510
Dinamarca² 341
Chile² 917
Singapura² 714
Israel² 261
Cuba² 169
Suécia² 304
Uruguai² 273
Índia² 1.666 Médio
África do Sul² 1.298
Colômbia² 740
Bolívia² 819
Nigéria² 3.571 Baixo
Guiné-Bissau² 8.333
Angola² 12.600
Senegal² 16.666

¹ Dados da Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), referentes a 2007. A OECD indica a situação de 30 países.

² Dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), referente a ano do período 2000-2004. O relatório indica a situação de 177 países.

Tabela 3 – distribuição de médicos entre capital e interior, 2010¹

Unidade da Federação

Nº. de médicos (inscrição primária), 2010 Capital

Quantitativo (%)

Interior

Quantitativo (%)

DF 8.643 4.824 55 3.142 36
GO 7.869 5.326 67 2.275 28
MS 3.387 2.097 61 1.201 35
MT 3.146 1.597 50 1.404 44
SP 99.209 46.112 46 47.390 47
RJ 54.068 35.791 66 16.406 30
MG 34.087 14.195 41 18.982 55
ES 6.393 3.098 48 3.181 49
SC 9.767 2.733 27 6.586 67
RS 23.868 11.378 47 11.598 48
PR 16.894 8.147 48 7.927 46
PE 11.633 8.038 69 2.504 21
RN 3.573 2.706 75 716 20
PB 4.147 2.592 62 1.440 34
CE 8.319 4.824 55 3.142 36
PI 2.629 2.025 77 539 20
SE 2.465 2.292 92 139 5
AL 3.505 3.012 85 403 11
BA² 14.960
MA 3.319 2.250 67 834 25
AM 3.431 2.250 67 834 25
RR 479 430 89 15 3
TO 1.222 408 33 660 54
AP 457 409 89 28 6
RO 1.265 634 50 583 46
AC 575 427 74 119 20
PA 5.544 4.181 75 1.167 21

¹ A soma de profissionais ativos na capital e no interior de determinado estado não alcança 100% das inscrições primárias. O número residual corresponde a profissionais com endereços desatualizados e residentes em outros estados.

² Na Bahia, os endereços dos profissionais registrados estão em fase de atualização cadastral.

Tabela 4 – proporção de médicos por habitantes por estado, 2010¹

Interior de

estados brasileiros

Número de habitantes por médico

Roraima 10.306
Acre 3.236
Amazonas 8.944
Amapá 9.290
Maranhão 6.437
Piauí 4.363

¹ População dos municípios de interior dividida por médicos residentes em municípios do interior.

Tabela 5 – distribuição de médicos, por gênero¹

2000

2009

Homens Mulheres Homens Mulheres

168.019 (64,5%)

92.197 (35,5%)

201.905 (61%)

128.920 (39%)

260.216

330.825

¹ O número de mulheres aumentou 39,8%, enquanto o de homens cresceu 20,1%, entre 2000 e 2009.

Fonte: CFM

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