Artigos
Entrevista com o Dr. Gustavo Kesselring
Entrevista com a Dra. Nadine Clausell
Relação médico-paciente: humanização é fundamental
Vivemos tempos de grande avanço tecnológico. Com todas as vantagens da globalização, verificamos, ao mesmo tempo, entristecidos, o distanciamento entre as pessoas. Assim como em nossa vida particular, este distanciamento ocorre no campo profissional e também nos consultórios e hospitais. Cada vez é mais comum ver médicos e pacientes dando lugar a números, exames e diagnósticos tornarem-se códigos, e a comunicação perder sua essência.
Aquele médico de família, que acompanhava todos os seus integrantes ao longo de suas vidas, não existe mais. Ou restam pouquíssimos. Hoje temos um estranho avaliando outro estranho – em apenas alguns minutos de curto diálogo; provavelmente, nunca mais se encontrarão. É de se lamentar.
Entretanto, parece que, aos poucos, tanto os profissionais de medicina como pacientes vêm repensando conceitos. Constatam que nada substitui o tratamento humanizado, nada é mais importante do que o médico que tem nome e rosto e que conhece o nome e o rosto de seu paciente.
É tempo de recuperar nossas raízes, de resgatar do bom e velho médico, e suas principais qualidades sem, é claro, abrir mão de toda a modernidade a que temos direito. O resgate da humanização, tão bem inserida naquele contexto de antigamente, deve pautar sempre a prática da medicina, com principal objetivo de oferecer assistência digna e de qualidade à população.
Seja na rede pública ou privada, o médico necessita de tranquilidade e deve ter todas as ferramentas necessárias para um atendimento no qual possa oferecer o melhor do seu conhecimento, toda a sua atenção e, principalmente, todo o seu respeito. Ele precisa de tempo suficiente para conhecer o paciente, descobrir suas queixas, averiguar seu passado, seus anseios e angústias, e fazer com que saia aliviado, com perspectiva de ter seu problema encaminhado.
Enfim, queremos ver novamente o paciente confiando sua saúde com a mesma tranquilidade que confiávamos antigamente.
Ainda não é o que acontece na maioria dos casos. Em parte porque este profissional vestido de branco não dispõe de condições adequadas ao aprofundamento da relação com seu paciente. Pior, é pressionado por todos os lados. Na saúde pública pelas filas intermináveis, falta de equipamentos etc. Na rede privada, são as pressões das operadoras de planos de saúde, baixa remuneração e o constante descredenciamento da rede conveniada que frequentemente engessam o médico nas suas atividades.
A insegurança comum a médicos e população gera não apenas atraso em diagnósticos ou tratamentos; também traz consequências por vezes desastrosas. Ou seja, com todos os avanços, equipamentos de última geração e descobertas, temos hoje um dos piores cenários que este país já conheceu no sistema de saúde.
A medicina é humana em sua essência, feita de humanos para seres humanos. Não é possível mais assistir à sua fragmentação em duas medicinas – uma para os pobres e outras para os ricos. Dar e receber assistência médica de qualidade e universal, mais do que um anseio, é um direito de todos.
Prof. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Os médicos e a Medicina Suplementar
Por Dr. José Luiz Gomes do Amaral, Dr. Florisval Meinão e Dr. Florentino Cardoso
Em 1988, a nova Constituição brasileira caracterizou o sistema de saúde do País, o SUS, definindo o papéis dos setores público e privado, denominado “suplementar” ou o dos “planos de saúde”. A regulação da Saúde Suplementar se inicia, entretanto, 10 anos depois, com as leis 9656/98 e 9961/2000, esta última, a que criou a Agência Nacional de Saúde – ANS. Essas iniciativas, contudo, não eliminaram insatisfações, nem impediram a multiplicação de conflitos nessa área.
Nos mais de onze anos seguintes a ANS passou a cuidar das coberturas e das garantias financeiras das operadoras de planos de saúde. As propostas da ANS voltadas para regulamentação passaram ao largo das relações entre médicos e operadoras de planos de saúde. Ao verem coibidas as práticas abusivas que aplicavam aos usuários, as operadoras passaram a reduzir os custos por meio da interferência na prática clínica, restringindo intervenções diagnósticas e terapêuticas. As lacunas no processo regulatório permitiram que, ano após ano, se ampliasse o descompasso entre reajustes aplicados aos “beneficiários” e remuneração médica.
Na última década, a ANS tem autorizado reajustes dos planos individuais, em média, 2% acima da inflação, o que resulta em acúmulo de 20% no período. Os planos coletivos (80% dos planos de saúde) são objeto de negociação direta e todos foram reajustados em valores substancialmente superiores aos concedidos aos individuais. Tal majoração, porém, não foi considerada com relação a eventuais reajustes na remuneração médica.
Em 1996, ao analisar diversos elementos que compõem o custo da consulta, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) chegou ao valor de R$ 29. Se esse montante fosse corrigido pela variação do salário mínimo, deveria ser R$ 130. Caso fosse pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, seria R$ 70. As poucas operadoras que reajustaram honorários médicos, dificilmente remuneram consultas acima de R$ 50. A situaçāo é ainda mais grave no que concerne aos procedimentos (tabela abaixo). As empresas têm resistido a reajustar proporcionalmente os procedimentos médicos e quando o fazem aplicam reajustes aos que são menos frequentes. Assim, muitos médicos veem-se obrigados a limitar suas atividades no sistema de saúde suplementar.
Para solucionar tais graves distorsões, a AMB propôs a utilização da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que reúne os procedimentos tecnicamente qualificados e os hierarquiza, para trazer coerência e valorização ao trabalho do médico.
Foi criado recentemente, pela ANS, um grupo de trabalho para buscar acordo entre operadoras e médicos. Nesta instância, as empresas recusaram-se a adotar a CBHPM e a considerar reajustes. Apesar da Resolução Normativa 71 da ANS exigir que contratos entre médicos e operadoras incluam cláusulas tratando de critérios para reajuste e periodicidade de sua aplicaçāo, essas empresas têm sistematicamente ignorado essa obrigaçāo. Assim cresce a insatisfaçāo e o movimento em busca da regularização dos contratos se alastra pelo país.
É urgente reajustar consultas e procedimentos dentro de um processo de hierarquização que traga transparência à valorização do trabalho médico. O reajuste tem de ser regulado por contrato e balizado pela lógica de hierarquização incorporada na CBHPM. A ANS deve atuar como facilitadora desse processo, arbitrando os reajustes. Quando não for possível, deve participar ativamente do acordo com as empresas. Mais do que uma prerrogativa da ANS, esta é uma obrigação que a sociedade espera que seja cumprida.
José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Médica Brasileira
Florisval Meinão
Coordenador Comissão Nacional de Consolidação e Defesa da CBHPM
Florentino Cardoso
Diretor de Saúde Pública
Área cirúrgica – paciente hospitalizado | ||
Procedimentos | Cirurgião (R$) | Anestesista (R$) |
Amigdalectomia | 135, 00 | 52,50 |
Cesariana | 240, 00 | 225,00 |
Cirurgia de Vesícula | 300,00 | 150,00 |
Cirurgia de Apêndice | 240,00 | 111,00 |
Cirurgia de Hérnia | 210,00 | 111,00 |
Cirurgia de Varizes | 240,00 | 111,00 |
Estrabismo | 176,50 | 75,00
|
*Obs: Nestes valores estão incluídos os cuidados médicos antes, durante e depois da cirurgia até o dia da alta (10 dias)

29/10 – Dia Mundial de combate ao AVC (Derrame)
O AVC (Acidente Vascular Cerebral, mais conhecido como Derrame) é um grave problema de saúde pública.
Pode ser de dois tipos: isquemico (cerca de 80% dos casos) e hemorrágico (cerca de 20%).
No AVC isquêmico alguma artéria que alimenta o cérebro de sangue entope, interrompendo o fluxo de sangue e oxigênio. Nesses casos uma medida emergencial muito eficiente é um anticoagulante, que permite que o sangue volte a circular.
No AVC hemorrágico uma artéria se rompe, havendo uma hemorragia (sangramento interno no cérebro). Nesse caso o anticoagulante só agravará mais ainda o problema, aumentando o sangramento. Por isso o diagnóstico correto é fundamental para evitar sequelas e até para salvar a vida do paciente
A hipertensão é uma das maiores causas do AVC, junto com colesterol alto, tabagismo e diabetes. Geralmente o AVC ocorre quando a pessoa possui essas condições e não faz um tratamento adequado.
Principais sintomas do AVC:
– Fraqueza ou formigamento de repente, em um dos lados do corpo
– Dificuldade súbita para falar
– Dificuldade súbita para enxergar ou visão dupla
– Dificuldade súbita para caminhar ou perda do equilíbrio
– Tontura com sensação de que tudo está girando
– Dor de cabeça muito forte, de repente, sem causa aparente”
Caso você note algum dos sintomas abaixo, é fundamental solicitar atendimento médico de urgência, como o SAMU 192. Cada segundo é precioso!
Rudy Rocha

Uso da sibutramina.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), emitiram um comunicado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no qual reiteram sua posição contra as recentes restrições ao uso da sibutramina.
No texto, as sociedades consideram a relação risco/benefício favorável ao uso do medicamento e afirmam que sua manutenção é necessária por tratar-se do “único medicamento antiobesidade de ação central aprovado no país para uso em longo prazo”.
As entidades avaliam como inadequada a inclusão da sibutramina na lista B2 de medicamentos, “já que, ao contrário de outros medicamentos nela listados, não existem evidências de potencial de dependência com a utilização de sibutramina”.
Leia na íntegra: http://sbem.org.br/media/uploads/OF_Sbem_Abeso_Anvisa_Sibutramina.pdf
Dr. Marcio Mancini
Presidente do Departamento de Obesidade da SBEM

Medicina Regenerativa
Comunicado CNA: cadastramento
Atenção médicos com título de especialista emitido a partir de 1º de janeiro de 2006.
A Comissão Nacional de Acreditação (CNA) informa que está chegando ao fim o primeiro ciclo obrigatório de recertificação do título de especialista e dos certificados de área de atuação, e que os primeiros Certificados de Atualização Profissional (CAP) começarão a ser emitidos a partir de 2011. Entretanto, muitos médicos que obtiveram, a partir de 2006, o documento que comprova a especialização ainda não se inscreveram no processo obrigatório de atualização.
Conforme o determinado na Resolução CFM nº 1.772/2005, os títulos de especialista e os certificados de área de atuação obtidos a partir de 1º de janeiro de 2006 passam a ter validade de 5 anos.
Para os médicos cuja titulação de especialista tenha sido emitida antes desta data, pelas Sociedades de Especialidade/AMB, CFM/CRM e ainda CNRM/MEC, a participação é opcional.
Mesmo assim, a AMB recomenda que todos os médicos se cadastrem na CNA, inclusive os que já fizeram a prova de especialista há muitos anos. Desta forma, ficarão garantidas a constante atualização dos conhecimentos científicos, fator indispensável para a boa prática da Medicina em benefício dos pacientes.
Mais informações em:
Pesquisa Datafolha/APM sobre relação de planos de saúde com médicos
Pesquisa Datafolha/APM confirma pressões de planos de saúde que inviabilizam o exercício da medicina e colocam em risco os pacientes
O livre exercício da medicina está ameaçado, tirando-se como base os resultados de inédita pesquisa do Datafolha realizada a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM). Ataques à autonomia dos médicos, interferência descabida na relação com os pacientes, pressões para redução de internações, de exames e outros procedimentos são problemas detectados em todo o estado de São Paulo.
O levantamento tem o intuito de conhecer a opinião dos médicos de São Paulo sobre a atuação das empresas de saúde suplementar. Foram entrevistados médicos cadastrados no Conselho Federal de Medicina (CFM), da ativa, que atendam a planos ou seguros de saúde particulares e tenham trabalhado com, no mínimo, 3 planos ou seguros saúde nos últimos 5 anos.
O campo ocorreu entre os dias 23 de junho e 18 de agosto de 2010. Houve 403 entrevistas, sendo 200 na capital e 203 no interior ou outras cidades da região metropolitana. A margem de erro máxima, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%, é de 5 pontos percentuais para o total da amostra e 7 pontos percentuais para capital e interior.
Principais conclusões
Tirando-se como base uma escala de zero a dez, o médico paulista atribui nota 4,7 para os planos ou seguros saúde no Brasil. Considerando apenas as empresas com as quais tem ou tiveram algum relacionamento nos últimos cinco anos, a avaliação é similar: nota média de 5,1 em escala de zero a dez.
Mais de 90% dos médicos denunciam interferência dos planos de saúde em sua autonomia profissional. No levantamento Datafolha/APM, em uma escala de zero a dez, é atribuída nota 6,0 para o grau de interferência dos planos de saúde. Nota maior é dada pelos médicos que atuam na capital. Para cerca de três em cada dez médicos, glosar procedimento ou medidas terapêuticas é o tipo de interferência que mais afeta a autonomia médica. Outros tipos de interferência muito apontados são quanto à solicitação de exames e procedimentos; atos diagnósticos ou terapêuticos mediante a designação de auditores; restrições a doenças preexistentes.
Confira alguns resultados relevantes da Pesquisa em: http://www.apm.org.br/aberto/noticias_conteudo.aspx?id=10896